A
perspectiva da indústria é que 80 milhões de caixas de laranjas não
sejam
processadas na safra de 2012/13
Por Vívian Curitiba (Assessoria Sindicato Rural de Jales)
Publicada no jornal A Tribuna (Jales) em 10/06/2012
Representantes do setor
industrial (CitrusBR) apresentaram recentemente a FAESP – Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo, dados preocupantes referentes a
um excedente de 80 milhões de caixas de laranja do território nacional, que não
poderão ser processadas pela indústria de suco na safra de 2012/13.
O fato é que a
expectativa calculada para a safra será de 364 milhões de caixas de laranja.
Considerando que 34 milhões destinam-se ao consumo interno in natura, restariam 330 milhões de caixas para serem processadas,
sendo que as indústrias alegam não conseguir escoar mais de 250 milhões de
caixas.
Nessa perspectiva, a
indústria considera que há um excedente de 80 milhões de caixas que não poderão
ser processadas. O setor industrial argumenta que caso a totalidade da safra
fosse processada, o estoque final se elevaria para 1.192 mil toneladas de suco
de laranja concentrado, enquanto que a capacidade física de estocagem é de 825
mil toneladas.
A FAESP considera que a
situação é extremamente preocupante para todos os produtores de citricultura,
pois estabelece um cenário no qual haverá um excedente de fruta que não poderá
ser escoada e, por conseguinte, se refletirá na renegociação de contratos com
as indústrias.
Diante da atual
situação, a FAESP, através de seu presidente, Fábio de Salles Meirelles e de
seu vice-presidente, Sr.José Candêo, recomenda aos produtores que em caso de
perda de fruta por não recebimento da indústria, sejam fotografadas as frutas
no chão, bem como sejam guardadas matérias de jornais locais e documentos que
demonstrem os prejuízos causados aos citricultores. Essa documentação poderá
ser útil no futuro, dependendo do decurso das negociações.
Já para os produtores
que contraíram empréstimos de crédito rural junto aos bancos e não conseguirão
honrar seus compromissos, sugere-se o protocolo de ofício na instituição
credora, antes da data de vencimento do contrato ou parcela, pleiteando a
prorrogação do contrato ou parcela.
“A citricultura é uma atividade de alto investimento. São muitas pragas,
doenças e tratos culturais, e o produtor não tendo lucro, não terá como
investir no pomar”, lembra o presidente do Sindicato Rural de Jales, José
Candêo. E conclui, “Esta baixa lucratividade terá reflexo nas safras seguintes,
pois a tendência é que os pomares produzam menos e com menor vida útil”
FAESP e Sindicatos
Rurais se articulam contra a criação de um monopólio de indústrias através da
Consecitrus
A FAESP e 26 sindicatos
rurais com relevante produção citrícola, incluindo o Sindicato Rural de Jales,
ingressaram com representação junto ao CADE – Conselho Administrativo de Defesa
Econômica objetivando impugnar a criação do Consecitrus, uma suposta
“associação” formada pelas maiores indústrias de suco do país que estariam em
processo de fusão. A representação tem por objetivo buscar a reformulação do
sistema de comercialização da laranja, a fim de viabilizar políticas mais
adequadas e justas para essa atividade agrícola.
“Essa fusão levaria
fatalmente ao monopólio, o que prejudicaria muito os produtores e os
consumidores também, já que atualmente as indústrias estão se abastecendo de
pomares próprios e não há escoamento suficiente da produção por parte dos
produtores independentes”, explicou o presidente do Sindicato Rural de Jales,
José Candêo.
Ele conta que, com a
“super oferta”, o setor industrial sustenta que só acredita ser viável pagar
preços abaixo de R$10,00 por caixa nesta safra. No entanto, a Comissão Especial
de Citricultura da FAESP reiterou a proposta de fixação de preço ao redor de
R$13,90 por caixa, valor equivalente ao custo de produção calculado pela CONAB
– Companhia Nacional de Abastecimento.
Apesar da denúncia da
FAESP junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA para
impedir a monopolização, as indústrias negam, dizendo que se trata apenas de
uma associação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário