quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O "boom" de novas profissões



Reportagem publicada em Dez/2008 na revista Latitude 21
Revista -laboratório produzida pelos alunos da 8ª etapa do curso de jornalismo da Unaerp

Por Vívian Curitiba



Gestor de carreiras, chefe de produção de álcool, químico forense. Essas são algumas “profissões do futuro” que já ganham destaque no competitivo mercado de trabalho atual. Ligadas ao cotidiano da vida urbana, especialmente das grandes cidades, novas profissões surgem em conseqüência, principalmente, da modernização, dos avanços tecnológicos e do desenvolvimento da pesquisa. Nos últimos 10 anos, a FUVEST, responsável pela realização do exame vestibular da USP, considerado o mais concorrido exame vestibular do Brasil, (com 160 mil candidatos por ano) abriu cerca de 8.540 vagas em novos cursos como Ciências da Terra, Atuaria e Engenharia de Biossistemas.
Essas novas profissões são buscadas por jovens e pessoas que querem entrar rapidamente no mercado de trabalho. A necessidade de mão-de-obra especializada em uma área antes não valorizada pelo mercado foi o fator que motivou Ronaldo Silva, 42 anos, a procurar a qualificação profissional em nível superior. Há 25 anos ele trabalha no setor de produção de açúcar e álcool de uma usina na cidade de Sertãozinho - SP e desde que começou a cursar Tecnologia em Produção Sucroalcooleira na Unaerp, há três anos, foi promovido de cargo e teve aumento salarial significativo. Ronaldo agora atua como chefe de produção de álcool na Usina Santa Elisa. “Pude aprender na teoria aquilo que eu já sabia na prática e assim soube valorizar minha profissão, já que o salário de um trabalhador graduado pode oscilar de 2 até 8 ou 9 mil reais, dependendo do cargo”.
O consultor em recursos humanos, Ruxdi Saleh, explica que o profissional de hoje precisa estar conectado com o que acontece a sua volta, atento às oportunidades que aparecem. Para ele, o mercado sempre esteve carente de profissionais bem preparados. “Hoje o profissional precisa estudar, ter capacidade de trabalhar em equipe, domínio de idiomas, domínio de informática, ter responsabilidade social, saber tomar decisões, desenvolver liderança”. Saleh aponta maneiras simples para conquistar a sonhada vaga no mercado de trabalho e alerta sobre a falta de interesse dos jovens quando se trata da busca pelo conhecimento. “É preciso estimular o seu talento e você faz isso através de uma boa rede de relacionamentos, se atualizando com novos cursos, pesquisando, trocando informações. Conhecimento você leva para todo lugar e hoje os jovens não estão atentos a isso.”
As instituições de ensino têm um papel fundamental na demanda de novas áreas de trabalho e também precisam estar atentas ao que está surgindo, segundo Noeli Prestes Padilha Rivas, pedagoga e coordenadora do Departamento de Psicologia e Educação da USP - Ribeirão Preto. “Mas não pode ficar a reboque do mercado de trabalho”, explica. Para ela, o desenvolvimento dessas novas áreas profissionais necessita de um novo processo educativo e as escolas de ensino fundamental e médio têm a responsabilidade de formar as novas gerações.
A criação de novos trabalhos e a busca pela completa realização pessoal e profissional fez surgir uma carreira pouco comum no Brasil: o coaching. Essa profissão, que ainda não tem formação superior, consiste em treinar e orientar profissionais que querem desenvolver habilidades que o levem à plena satisfação profissional. “É gratificante desenvolver um trabalho em que os olhos das pessoas brilham quando descobrem uma vocação e qual o caminho para se chegar lá”, conta Marcelo Jabour, professor de educação física há 15 anos. Foi através do coaching que ele encontrou sua própria realização profissional e hoje ajuda outras pessoas a descobrirem suas habilidades e vocações em meio a tantas áreas novas, especializadas e promissoras.
Uma dessas novas profissões é a de químico forense. Atividade geralmente desempenhada pelo médico legista, hoje o químico forense também atua nesta área que não se restringe apenas à perícia médica, podendo trabalhar nas diversas atividades que a química oferece. Para Érica Naomi Oiye, estudante do segundo ano do curso de Química Forense na USP - Ribeirão, por se tratar de uma carreira nova, tem-se algumas incertezas sobre o mercado de trabalho, mas ao mesmo tempo, o conhecimento adquirido é algo novo. “O estudante sai da faculdade com uma formação inédita, preparado para atender às necessidades da sociedade”, explica. Érica conta que a química forense está sendo muito comentada atualmente. “Acredito que é uma área promissora”, ressalta a estudante.
A mesma crença na boa empregabilidade despertou em Luana Peixoto Annibal o interesse em cursar Informática Biomédica na USP/Ribeirão. A estudante conta que buscou a profissão também pela importância que ela tem para o avanço tanto da área médica quanto das pesquisas laboratoriais. “No início, o que mais me atraía era a possibilidade de utilizar ferramentas computacionais para a descoberta de curas de doenças, a partir de pesquisa e simulações de gene”, relata a estudante.
Luana acredita também que a possibilidade de emprego é positiva, uma vez que o mercado é amplo e necessita de mão-de-obra especializada, principalmente nos experimentos com o auxílio de simuladores computacionais. “O mercado de trabalho para o profissional de informática biomédica é muito amplo, podendo atuar na área laboratorial, farmacêutica, robótica, saúde, hospitalar, geo-epidemiológica e até agropecuária. Tudo depende do interesse e objetivo do futuro profissional”, explica.
A economista e professora do curso de Administração da Unaerp, Rosalinda Pimentel, faz uma análise dos reflexos do “boom” de novas profissões na economia brasileira. “Isso significa trabalhar com tecnologia de ponta, permitindo ao nosso país amanhã ser um exportador não apenas de commoditties e matéria prima, mas fundamentalmente de tecnologia”. Ela diz que as profissões tradicionais assumem uma nova roupagem e hoje surgem concepções diferenciadas que as valorizam, agregando profundidade e especialização à áreas que antes eram mais genéricas.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Parceria sustentável entre CODEVASF e PENSA promete inserir produtores no agronegócio brasileiro e mundial


Reportagem concorrente na
Semana Estado de Jornalismo 2008



Com o objetivo de gerar desenvolvimento sustentável em uma região castigada pela seca, a CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) juntamente com o PENSA (Centro de Conhecimento em Agronegócios) da Universidade de São Paulo, firmaram em 2005, um convênio para a realização de um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis (PINS) envolvendo 12 cadeias produtivas da região semi-árida do Brasil.
O projeto partiu de um primeiro estudo sobre a viabilidade de implantação de uma cadeia produtiva da laranja no Vale do São Francisco. Esse trabalho rendeu bons resultados e foi ampliado em 2007 para o estudo da viabilidade de implantação de mais 10 cadeias produtivas, são elas: abacaxi, apicultura, banana, limão, avicultura, ovino-caprinocultura, piscicultura, frutas secas, vegetais semi-processados e bioenergia. Atualmente estudos estão sendo realizados com a participação de empresas de toda a cadeia citrícola, além da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e Fundecitrus a fim de customizar os modelos de viabilidade para potenciais investidores, e com isso, incluir mais duas cadeias produtivas, o algodão e o cacau.
A iniciativa visou atrair empresas do agronegócio para as regiões de atuação da CODEVASF, que pudessem a partir da produção de alimentos em áreas irrigadas, processar a produção e inserir produtores no agronegócio brasileiro e mundial.
De acordo com o pesquisador do PENSA, Marco Antonio Conejero, a importância desses estudos é destinada a investimentos nos perímetros públicos de irrigação (PPIs) que estão ociosos por conta do insucesso do modelo antigo de ocupação implantado em 1974 (quando o governo entregava pequenos lotes a produtores agrícolas, sem prover a eles assistência técnica, insumos, tecnologia e acesso aos canais de distribuição). Além do investimento em novos PPIs que estão sendo construídos em regime de Parceria Público-Privada (PPP).
O pesquisador explica que para garantir a inserção do pequeno produtor de maneira competitiva, com renda digna e de forma economicamente viável, o PENSA desenvolveu o PINS, (Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis) meio pelo qual, pequenos produtores integrados fornecem matéria-prima para a agroindústria ou indústria processadora. “Fizemos uma análise de viabilidade genérica para uma área pré-determinada em novos perímetros públicos de irrigação. Com o tamanho de área a ser utilizado e as condições edafo-climáticas da região, pode-se assumir determinada produtividade e custo por hectare, oferecendo uma expectativa de receita e despesa para chegar naquela produção”, conta Conejero.
O projeto que ainda é um protótipo, já que ainda não houve a implantação de um PINS na região, pretende garantir uma renda mínima anual de R$ 18 mil por família de pequeno produtor em todas as cidades banhadas pelo Rio São Francisco e Rio Parnaíba, minimizando desta forma, emissões de efluentes e gases de efeito estufa e reduzindo desperdícios de água, pois a irrigação é feita através de sistemas de gotejamento.